segunda-feira, 10 de maio de 2010

Vila Casoni: O bairro pioneiro de Londrina

Originalmente projetado para ser uma granja, bairro transformou-se em loteamento e mantém a arquitetura dos anos 30 e 40.

A Vila Casoni é um dos bairros mais antigos de Londrina, onde os mais velhos foram deixando seus lugares aos mais novos e aos que estão chegando. Ela foi objeto de pesquisa de antropólogos, que analisaram e detalharam a vida social do bairro, mostrando dificuldades enfrentadas pelos pioneiros. Os antropólogos desvendaram um cotidiano que representa a história do bairro e dos segmentos sociais, mostrando gente simples e conservadora.
A pequena vila, que antes de se tornar bairro era uma imensa chácara de fruticultura, foi plantada numa clareira aberta pelos colonos e desempenhou o papel de núcleo de um projeto de ocupação responsável pelo povoamento de um território de 500.000 alqueires, a região de Londrina.
A Casoni aos poucos foi cedendo lugar aos primeiros contornos urbanos, nas décadas de 40 e 50, dados pelos pioneiros paulistas, mineiros e nordestinos que traziam as tradições italianas, portuguesas, espanholas, orientais e eslavas, como o exemplo da família Ruis. A matriarca Carolina Ruis, de 70 anos, lembra que seu avô, João Ruis, chegou à cidade nos meados da década de 40, vindo de Joaquim Távora. Ele comprou partes das terras que hoje é o Jardim Ouro Verde, a fim de cultivar café.
Moradora da rua Tupiniquins, ela lembra que as dificuldades do norte pioneiro eram imensas e falta de trabalho obrigou a migração. “Meu avô tinha dez filhos e com a venda das terras, no atual Ouro Verde, comprou uma casa para cada um”, diz. Saudosista, Carolina conta que na época, as profissões eram as mais variadas possíveis, como a de serralheiro, devido à abundância de madeira, carroceiro, leiteiro e as plantações de café, predominantes no período, gerava empregos e riqueza para Londrina.
Com tristeza ela lembra que muito mudou nestes 58 anos, como as ruas de terra e as casas de madeira, que ainda persistem, conservando os ares coloniais da década de 30, quando a matéria prima era barata e abundante. Porém, algo é evidente: o crescimento da Casoni estagnou-se e a violência aumentou. “Em outros pontos de Londrina, como na Vila Brasil, os bairros cresceram. A Casoni acabou esquecida. Aqui não tem correio, lotérica ou bancos, demonstrando a falta de segurança. Até as tradicionais festas na igreja, as quermesses, não existem mais”, lamenta a pioneira.
As casas de madeira, que abrigam até quatro gerações, tornaram-se comércios familiares das mais variadas especialidades, como tinturarias, bares, mercearias, ferro velhos e bazares, como o de Cristina Moraes, de 42 anos e que guarda no rosto e nos olhos, traços eslavos. Nascida e criada na Casoni, ela viu poucas mudanças e percebe que o bairro mantêm aspectos de cidades pequenas do norte paranaense, marcados pela arquitetura dos anos 30 e 40.
Ex-aluna do Colégio Estadual Dr. Willie Davids, fundado em 1º de agosto de 1947 com o nome de “Grupo Escolar da Vila Casoni”, num prédio de madeira, construído pela Prefeitura de Londrina, com quatro salas de aula num terreno doado por Jorge Casoni, que até hoje permanece na rua Guaranis, Cristina guarda boas memórias do bairro. Mas, como Carolina, acredita que deve haver maiores investimentos num dos bairros que a porta de entrada do município. “A Casoni é um cartão postal de Londrina, onde tem a Rodoviária e o Estádio Vitorino Gonçalves Dias, o VGD”.
Os bares, empórios e armazéns podem ser entendidos como o mundo do homem e o espaço intermediário entre a casa e o trabalho. Assim é a visão do açougueiro Joel Vieira Gonçalves Sobrinho, de 58 anos e que mantém um dos últimos Box no Mercado Municipal da Vila Casoni. O mercado, inaugurado em 1963, recebeu a família Gonçalves em 1965. Antes disso, em 1934, seu pai chegou à Londrina, vindo de Paraguaçu Paulista e montou um açougue na esquina da Avenida Duque de Caxias com a Benjamim Constant. Sua mãe, a senhora Maria Tereza Vieira, que leva o nome de uma praça na avenida Inglaterra e duma creche nas proximidades do 2º Distrito Policial, foi uma das primeiras evangélicas a congregar na 1ª Igreja Presbiteriana Independente, localizada até hoje na rua Mato Grosso. “Na época era preciso chegar no açougue, aos fins de semana, às duas da manhã para cortar as carnes devido à antiga Empresa Elétrica de Londrina desligar o fornecimento de energia para manutenção”, relembra.
O mercado acompanhou os tempos áureos do café, quando prefeitos como o renomado advogado Hosken de Novaes, Dalton Paranaguá, José Richa e Wilson Moreira vinham pessoalmente comprar frutas, carnes e verduras, além de verificar o funcionamento e conversar com correligionários a respeito da política londrinense. “Hosken de Novaes, apesar da posição de prefeito, era um sujeito simples, que conversava com todos”, diz Joel.
O barracão que um dia abrigou dezenas de produtores e preserva uma estrutura de madeira viu seu declínio na década de 90, quando os filhos dos produtores, compostos na maioria por orientais, migraram para o Japão. Com isso, os pais não puderam administrar as propriedades e boxes ao mesmo tempo, diminuindo as bancas até seu fim. Outro episódio triste foi este ano, um dia antes das eleições do “3º turno” em Londrina, quando um vendaval destelhou praticamente metade do mercado. “Esperamos 60 dias para o Poder Público tomar as providências”.
Esperançosos pela mudança, os dois comerciantes locais esperam que o município olhe mais, não apenas para o barracão, mas também para a Vila Casoni, atualmente parada no tempo.

20 comentários:

J. Ferraro Ricci. disse...

Concordo plenamente com o que você escreveu! Sou moradora do bairro Vila Casoni, meus bisavos vieram da Italia e compraram um sitio pra cutivar café. Mas, com a geada nos anos 70 eles perderam tudo.. Com o tempo eles compraram uma casa em frente a igreja Nossa Sra de Fatima.
Temos essa casa tipica de madeira até hoje! 4a feira agora fara uma semana da morte de minha nonna.. Farei de tudo para conservar a casa, e farei uma reforma pois a casa esta muito acabada por conta do tempo...
Vila Casoni esta abandonada! é tanto ferro velho que nos da tristeza de caminhar e pensar que ja foi melhor um dia... por toda parte onde se olha existem ferros velhos! Isso é uma vergonha! De algo se pode ter certesa de orgulho se esta passando a vergonha dividir nosso bairro com ferros velhos... obrigado pela oportunidade e parabéns pelo texto!

Unknown disse...

Eu tenho muitas saudades da VL. Casoni. Mudei-me de lá para São Paulo em meados de 56 a 57 mas jamais me esquecerei deste lugar de minha infancia. Minha casa ficava a beira do cafezal e tinha uma igreja que toda tarde as 6 horas tocava a Ave Maria,e suas quermesses nem se fala a saudade que me dá! Estudei no Willie Davis e tenho até o diploma ainda! Se pudesse fazer o tempo voltar um pouco.........

Arlindo Teixeira Sobrinho disse...

Lamento dizer q muitas coisas cairam no esquecimento, Bar Londrina,Jogo de boxas(deve ser este nome) ficava na Rua Guaranis quaze esquina com a Tremembés, Clube Bandeirantes que por sinal foi um dois primeiros a proporcio grandes bailes etc,Personagem que contribuiram muito para o desenvolvimento da Vila, Marcos Ramos,Arlindo Ramos"locutor de rádio" isto se passaro nos anos 1957 até 1966, sem contar com o saudoso Sargento Pedro Teixeira residente na rua Tremembés em frente ao Grupo escolar Willie Davids(Falecido em 1962) Primeiro comandante do Corpo de Bombeiro de londrina (Na época Rua Santa Catarina)Trabalhou Juntamente com o Tenente Righi. Gostaria e me coloco a despor mais para ajudar a divulgar nossa querida VILA CASONI

Anônimo disse...

vila casoni muitas saudades

aquinaojacare disse...

Lamentavelmente o bairro virou ponto de vendas de ferro velho... onde foi que erramos???? Precisamos preservar nossas casas de madeira! Como é lindo tu ver uma casa de madeira que ja faz mais de 50 anos de existencia e bem cuidadinha! Passem essa ideia adiante! Sabemos que a luta contra o cupim é desgastante mas não abandonem facilmente! Lutem para preservar o qua ainda nos resta da nossa identidade!Trocaria esse "estatus" de cidade grande para a minha Pequena Londres cidade do interior, onde todos se conhecem e que a juventude nao se perdia... Oh... nostalgia.

GILBERTO disse...

MEU NOME É GILBERTO REIS NASCI NA VILA CASONE EM 1955 ATÉ 1970, AINDA LEMBRO O CAMINHÂO DO BOMBEIRO DESFILANDO COM ALGUNS JOGADORES QUE PARTICIPARAM DOS JOGOS DA COPA DE 70 ELES SUBIRAM A RUA VILA VELHA SENTIDO CIDADE E FORAM APLAUDIDOS POR TODOS DA REGIÂO,COMO TODOS VOCES,TAMBEM SINTO MUITA SAUDADE,EU MORAVA NA RUA TUPINIQUINS 126,TINHA 3 CASAS NO QUINTAL,EU ESTUDAVA NO WILLIE DAVIS,MEU PAI ERA MOTORISTA DE CAMINHÂO DE LIXO DA PREFEITURA,SINTO MUITA SAUDADE DO MERCADO MUNICIPAL,DA PADARIA CENTRAL DA CASA VISCADE CASA UNIÂO OS BARBEIRO 3 IRMÂOS,FARMACIA DO TAKA,QUITANDA DO CHICO,DO PONTO DE TAXI QUE SÓ TINHA CARRO DKW DA SORVETERIA DA DONA ADÉLIA NA ESCOLA ,ISSO QUE FALO,É SÓ VILA CASONE NA EPOCA EU CONHECIA LONDRINA DO COMEÇO AO FIM,EU VARAVA TODAS AS MADRUGADAS ENTREGANDO PÂO EM UMA CARROÇA DE PADEIRO POR METADE DE LONDRINA,PÉÇO QUE ME DESCULPEM POR FALAR TANTO, É QUE A SAUDADE QUE SINTO DE LÁ FEZ COM QUE EU ME IMPOLGASE,OBRIGADO PELA OPORTUNIDADE DESSAS LEMBRANÇAS TÂO MARAVILHOSAS,DEIXO A TODOS MEUS CONTERRANEOS,UM GRANDE BEIJO E UM FORTE ABRAÇO.PRAIA GRANDE SANTOS 08/02/2012........

GILBERTO disse...

MEU NOME É GILBERTO REIS NASCI NA VILA CASONE EM 1955 ATÉ 1970, AINDA LEMBRO O CAMINHÂO DO BOMBEIRO DESFILANDO COM ALGUNS JOGADORES QUE PARTICIPARAM DOS JOGOS DA COPA DE 70 ELES SUBIRAM A RUA VILA VELHA SENTIDO CIDADE E FORAM APLAUDIDOS POR TODOS DA REGIÂO,COMO TODOS VOCES,TAMBEM SINTO MUITA SAUDADE,EU MORAVA NA RUA TUPINIQUINS 126,TINHA 3 CASAS NO QUINTAL,EU ESTUDAVA NO WILLIE DAVIS,MEU PAI ERA MOTORISTA DE CAMINHÂO DE LIXO DA PREFEITURA,SINTO MUITA SAUDADE DO MERCADO MUNICIPAL,DA PADARIA CENTRAL DA CASA VISCADE CASA UNIÂO OS BARBEIRO 3 IRMÂOS,FARMACIA DO TAKA,QUITANDA DO CHICO,DO PONTO DE TAXI QUE SÓ TINHA CARRO DKW DA SORVETERIA DA DONA ADÉLIA NA ESCOLA ,ISSO QUE FALO,É SÓ VILA CASONE NA EPOCA EU CONHECIA LONDRINA DO COMEÇO AO FIM,EU VARAVA TODAS AS MADRUGADAS ENTREGANDO PÂO EM UMA CARROÇA DE PADEIRO POR METADE DE LONDRINA,PÉÇO QUE ME DESCULPEM POR FALAR TANTO, É QUE A SAUDADE QUE SINTO DE LÁ FEZ COM QUE EU ME IMPOLGASE,OBRIGADO PELA OPORTUNIDADE DESSAS LEMBRANÇAS TÂO MARAVILHOSAS,DEIXO A TODOS MEUS CONTERRANEOS,UM GRANDE BEIJO E UM FORTE ABRAÇO.PRAIA GRANDE SANTOS 08/02/2012........

Anônimo disse...

Estudei no Grupo Escolar Dr.Willie Davids, de 1953 a 1954.Ia descalço à escola,de onde morava em Água das Pedras, faça sol ou dia chuvoso, mas mesmo assim fui feliz...

Anônimo disse...

Procurei saber mais da minha historia, nasci na vila casoni,em frente ao estadio, uma casinha simples mas esta'la'ate'hj. Moro fora do Brasil e fiquei triste sabendo que la'hj tem muitos ferro velho, e o abandono do local. triste msm.

Anônimo disse...

Procurei saber mais da minha historia, nasci na vila casoni,em frente ao estadio, uma casinha simples mas esta'la'ate'hj. Moro fora do Brasil e fiquei triste sabendo que la'hj tem muitos ferro velho, e o abandono do local. triste msm.

Adolfo Ricardo Netzel disse...

Meu nome é Adolfo Ricardo Netzel, nasci na vila casoni e 1967 e vivi lá até o ano de 1993 quando me casei e mudei de bairro, minha mãe mora até hoje na mesma casa que adquiriu na década de 60. Vejo a vila casoni como o melhor bairro para se morar em Londrina, tenho imensas saudades da minha infância, infância que posso dizer hoje aos meus filhos que vivi intensamente, pois muitas coisas que fiz na minha infância meus filhos hoje não podem fazer como brincar até tarde na rua......saudades de um tempo que infelizmente não volta.

Unknown disse...

Daniel Abra , morei na rua tupiniquins , proximo da jorge casoni. na vila casoni. 1973.
atualmente moro no matogrosso do sul. mas toda minha familia mora em londrina , vila nova e vila velha e vila casoni. familia Abra e familia Passi! tenho muitas saudades de londrina pr.

Anônimo disse...

Resolvi me manifestar após ler o depoimento de um anônimo que estudou no Grupo Escolar Dr. Willie Davids de 1953 a 1954, descalço e que morava em Água da Pedras.....Pois bem, eu também estudei nessa escola entre 1953 e 1957 e ia descalço também de uma chácara em Água da Pedras (ficava próximo à Pedreira Monte Castelo).
Hoje sou um engenheiro aposentado, morador em São Paulo desde 1972 e bastante saudosista em termos de Londrina, principalmente da querida Vila Casoni.
São Paulo, 04 de novembro de 2013 - 20:23

Maria Elena Bonzanino disse...

Tenho minhas raízes na vila cazoni, onde nasci e vivi até os 05 anos de idade,e onde permanecem até hoje, alguns de meus familiares! Parabéns pelo rico texto de resgate histórico!
Pretendo tbém dar minha colaboração dentro em breve!
Um abraço,
Maria Elena Bonzanino

Maria Elena Bonzanino disse...

Errata - digo: "Vila Cazoni"

Anônimo disse...

Finais dos anos 50, começo de 60 meus pais tinham uma loja, na Vila Cazoni, chamada Casa Gaucha. Onde vendia calçados e confecções. Eu era muito criança, tenho vagas lembranças. Mas lembro que tinham muitos amigos.
Eu e meu irmão mais velho estudavamos no "Parquinho infantil da Vila Cazoni". Meu Deus! quantas saudades boas, das "tias" Avelina, Vanira......







Anônimo disse...

Mudei para a Rua Guaranis, Vila Casoni, no ano de 1959, quando ainda criança, estudei no "parquinho" e no Grupo Escolar Dr, Willie Davids no ano de 1963 a 1967, onde fiz muitos amigos. Muitas Lembranças e saudades.

Anônimo disse...

Sou o Lélo Hoje muito conhecido como Eli , mais conhecido ai em Londrina
como Lélo saudades nunca vou esquecer quando sai de londrina no dia 23 de setembro de 1989
o Tempo faz a Diferença nunca perca tempo

Unknown disse...

Nasci em 1960 na vila casoni. Me lembro de domingos ir a feira com minha mãe e sempre comia pastel com guaraná antártica. Da quitanda do japonês seu Watanabe. Minhas madrinhas e padrinhos todos vizinhos nossos. Família Mitsue que eu ficava com eles vários dias. Saudades boas lembranças.

Unknown disse...

Nasci na rua caraíbas. Sonny Freitas - Filho de Analio de Freitas e Zelinda Delgado de Freitas.