sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O homem e seu ninho

Quem olha o barraco de madeira não imagina que ali irá morar uma família com filhos para criar e dificuldades para vencer.
Como uma pomba, que representa a paz, o "futuro proprietário" monta aos poucos seu ninho. É uma ripa de madeira pela rua que servirá como parede ou uma calha trocada no ferro-velho que se transformará na reluzente cobertura do "ninho".
Diferente dos pássaros, que carregam seus materiais de construção, como gravetos e ramos de folhas, nas patas e no bico, o trabalhador dignamente traz o amontoado entre os braços ou nos carrinhos que servem para a coleta de lixo.
Esse mesmo carrinho lhe ajuda no sustento e dá esperanças de encontrar restos de caixas de papelão ou latas vazias que irão gerar o alimento do dia-a-dia que o confortará.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Gafanhotos Blindados

Com formação recente, mas integrantes experientes a Gafanhotos Blindados é alusão a uma poesia do artista plástico londrinense Agenor Evangelista, que a batizou num bate-papo ao fim de tarde na praça em frente ao Teatro Ouro Verde, no calçadão de Londrina. A Gafanhotos Blindados tem Flávio Lira, 21, o Carioca, que mora em Londrina há menos de um ano, na guitarra; Tiago Nirvana, baixista de 27 anos e morador do Semiramis; a vocalista Vanusa Carvalho, 20, também do Semiramis e Diego Rodrigues, 18, baterista e morador do Parque das Indústrias.
Segundo Tiago Nirvana, a banda surgiu após uma conversa com Flávio, no bar Potiguá. Flávio veio do Rio de Janeiro para Londrina depois de fazer muita musica no bairro de Guadalupe, na Cidade Maravilhosa. ”Na minha rua muita gente tocava violão. Aprendi só de olhar”, comenta Carioca. “Toquei na banda de garagem Descontrole, que adotava o estilo mais agressivo”. Com ensaios ao menos uma vez por semana, eles ainda não se apresentaram e esperam se entrosar para subir aos palcos. “A música é meu mundo. Gosto do cheiro do estúdio. Fiz muitas amizades em Londrina, logo no primeiro encontro houve empatia e simpatia entre todos ao mesmo tempo”, completa Carioca.
Outro músico da Gafanhotos Blindados é Diego Rodrigues. Para ele, tudo começou cedo, logo aos 13 anos, quando escutou Basket Case do GreenDay. “A bateria se destaca muito nessa música”. Porém, o que chama atenção foi sua entrada inusitada para a banda. “Conversava com o Tiago a respeito de música e percebemos o mesmo gosto. Cada um estava com seu instrumento e decidimos, naquele momento, entrar num estúdio. Afinamos os instrumentos e começamos a tocar. Essa parceria já dura mais de um ano”, lembra Diego, ao lado da única mulher do grupo, Vanusa Carvalho. Com passagem por algumas bandas de garagem, muitas vezes o público a chama de Pitty, porque ela interpreta algumas canções da cantora de rock que faz muito sucesso entre os adolescentes. “Com doze anos tocava violão e meu pai sempre gostou. É diferente uma mulher fazer isso”, diz.
“Nosso som busca a critica social e alerta a sociedade contra as desigualdades. O que vemos, fazemos como historia de vida”. Essas são as palavras de Tiago da Silva Moreira, conhecido como Tiago Nirvana e que passou por diversas bandas, como a Garage 38, Nirvana Cover, The Back Three e Crau. Tiago toca desde os 16 anos. “Tinha um mini-sistem quebrado e o troquei por um baixo Magnus vermelho. Nele tirei minha primeira musica: Polly, do Nirvana”, recorda-se. “Cresci ouvindo músicas de Roberto Carlos, Alice Copper, Beatles, Creedance e ABBA. Meu pai ainda tem todos esses vinis guardados em casa”. Com influências do grunge, ele tem o seguinte pensamento: “Você tem que ter atitude. Não pode existir medo de expressar o que pensa e sente, já que na vida nunca pode existir preconceitos”.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Pedras Ruivas e seu Rock Intenso


Quem não poderia faltar nessa “coletânea” é a Pedras Ruivas. Segundo o vocalista Fábio Ruivo, o termo significa - Pedras: Rock e Ruivas: Vermelho, ou Rock Intenso. Na estrada desde 1999, ela animou as tardes e as noites do antigo MPB Bar, na Zona Norte. Na sua formação atual conta com Fábio Ruivo, 24, do Violin, no vocal e violão de 12 cordas; César Amorin V8, 18, do Aquiles na bateria; Júnior, 26, do Centro, no baixo acústico e Marlon Henrique, 20, do São Francisco, no violão e na guitarra.
Com músicas próprias, abordam fatos sociais e filosóficos sobre a vida, amores e coisas afins. Quanto as apresentações, foram muitas. “Em 2002 tocamos no Rock das Mangueiras para mais de 300 pessoas, mas nosso período mais intenso foi em 2004, quando tocávamos quase todos os fins-de-semana no MPB Bar”, recorda Ruivo.
Das vinte músicas do grupo, “Segunda Pagina”, versão de “Jornais”, de Nenhum de Nós, é a que mais faz sucesso. A banda se orgulha de ter participado de programas na Universidade FM e na Cincão FM, onde cantaram ao vivo.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Never Land - Terra do Nunca

Num estilo comedido e voltado ao comercial, está a NeverLand. Formada em 2004 por Bruno Sanches, guitarra; Ronalt Sanches, baixo; Robson Mancini, bateria e; Jefferson Melão, vocal, eles tocam músicas covers que possuem grande recepção do público. Conhecidos na região, se apresentam em festas de adolescentes até em inusitados casamentos. Bruno, 19 e morador do Luis de Sá afirma que influenciado por amigos, escutou seu primeiro rock há cinco anos. Foi a música “Come as you are”, da banda grunge norte-americana Nirvana. Apesar do gosto pela bateria, tornou-se guitarrista a partir das aulas de violão. “Sou primo do Ronalt e quando vim de São Paulo, ia a todos os ensaios, até que um integrante saiu e entrei em seu lugar”.
Há alguns anosa atrás, quem passava pela feira de domingo da Saul, provavelmente viu um grupo de crianças que tocavam teclado. Ronalt, 19, morador do Luis de Sá era uma delas. “Desde os oito anos tocava teclado na esquina da Saul com a Félix Chenso. Aprendi sozinho, mas quando teve interesse maior, fui matriculado na escola de música. Fazia apresentações na feira, mas hoje tudo mudou”, completa. Influenciado por Charlie Brown Jr. e Blink, o baixista tocou nas bandas Garage 38 e na 33 HC, onde gravou um CD. Sem maiores pretensões, não pensa em ganhar dinheiro com a música. Esse é o mesmo pensamento de Robson Mancini, 20. “O repertório é composto por quarenta musicas. Todas são covers nacionais e internacionais, como Simple Plant, Charlie Brown, NX0 e outros grupos de sucesso”, diz. Morador do Violin e integrante da Never Land desde o inicio, acredita que a banda de garagem é o início dos que desejam seguir carreira musical. “As dificuldades são imensas, como tocar de graça e as vezes ter que tirar dinheiro do próprio bolso para custos de transporte ou ensaio em estúdio”. Com o publico variado, a banda subiu em muitos palcos, como no Centro Cultural da Saul Elkind; no Rock Solidário, em 2005; no “Proclamasom”, evento em comemoração a Proclamação da República, em Ibiporã. Para Mancini, a apresentação que mais marcou foi na Festa da Leitoa, em 2006 na Warta, onde havia mais de 300 pessoas no público. “Nossa banda é versátil. Certa vez, um casal jovem se casou. Como gostavam de rock, nos chamaram para animar a festa. Ao chegarmos, nos deparamos com um público de maior idade”, lembra-se aos risos, ao lado de Jefferson Souza Motta, 24, mais conhecido como Melão. O vocalista, já andou de skate na Saul, participou de campeonatos amadores e hoje faz motocross numa pista da Warta. Melão ganhou o apelido na infância. “Ouço muito de reggae, rock nacional e nosso estilo é jovem”.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Fora do Tempo - HardCore Agressivo

Fora do Tempo: Tiago Ravache, Andrey Hudson, César Galvão, Alessandro e Tiago Scarelli

A musicalidade na Região Norte de Londrina é diversificada e há várias bandas que tocam músicas próprias. Com o hardcore agressivo, letras de vanguarda engajadas na crítica social, a Fora do Tempo é independente e prefere não se rotular. O grupo é composto por César Galvão, 24, vocal; Tiago Ravache, 21, guitarra; Alessandro Pereira, 23, baixo; Tiago Scarelli, 22, guitarra e; Andrey Hudson, baterista de apenas 14 anos. O nome Fora do Tempo surgiu posteriormente. No inicio chamava-se Fratura, algo que lembra uma queda. “O nome deu-se porque cada integrante gostava de um estilo musical. Nos ensaios, sempre havia um músico que não era afinado com os outros e a música ficava fora do tempo”, diz Scarelli, pioneiro na banda e morador do Aquiles. Para não haver divergências, todos dizem que gostam de rock. “Ele uma ‘árvore’ com várias vertentes”, completa Andrey.
O mais experiente é César Galvão, que mora no Jardim dos Alpes e passou por diversas bandas, entre elas a Surface, onde tocou guitarra. Galvão ouviu muito Ramones, Dead Fish, Dance of Days e é autor das letras e arranjos. “São diversos os estilos e influências que resultaram em baladas a sons progressivos. Algumas julgo confessionais, ao mesmo tempo subjetivas e com múltiplos sentidos. Ao todo, possuímos sete composições e a de maior destaque é “Ilusões”, que aborda a vontade de ficar com uma pessoa”.
Outro integrante da Fora do Tempo é Tiago Ravache, que vive no João Paz e é professor de violão. Com influências de Offspring e músicas clássicas, acha errônea a discriminação de alguns estilos. “Quando se define que existe uma tribo, é porque há divisão”. Apesar da técnica, ele entrou na banda inusitadamente. “Havia um show marcado para o sábado e estavam sem guitarrista. Isso era quarta-feira. Fui convidado, ensaiei e no sábado subi ao palco”, relembra. Guitarrista há seis anos, aprendeu muito através de Mozart e Beethoven. “Eles expressam sentimentos e emoções”. Quem toca baixo, guitarra e violão é Alessandro Pereira, morador do Luis de Sá. “Conheci o César em 1998, quando andávamos de skate e em pistas de madeirite na Saul. Nessa época escutava muitas bandas e sempre tive o gosto eclético”. Como Ravache, ouve Vivaldi, Bach, Mozart e ao mesmo tempo CPM 22. “A música clássica é mais formal. Mas há transições. Música é algo muito aberto”, recordando-se que pegou num violão muito cedo. “Era um Tonante com cordas de aço, do meu avô, que tocava na Folia de Reis. A Folia é tradição e cultura popular relacionada ao violeiro caipira”, diz. Scarelli, do Aquiles e Andrey, do Luis de Sá tem a mesma opinião. Ambos sabem que a banda tem um futuro promissor, pois tocam em escolas e ensaiam todos os sábados. Scarelli completa: “Falta, em Londrina, mais espaços públicos e privados para as bandas mostrarem seus trabalhos. Em compensação, as novas tecnologias, como o celular, mp4 e a internet, possibilitam que mais pessoas conheçam nosso trabalho”.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Dark Flames - Guerreiros que vão a batalha

Horda é um termo que significa guerreiros que vão à batalha e Dark Flames, segundo o guitarrista Murmur, significa “fogo e o lado escuro da mente, que são dois símbolos do Black Metal”. A formação original da Dark Flames deu-se no ano 2000, por Murmur (guitarra), Beemoo (bateria), Mammon (guitarra), Ukobach (baixo) e Behemoth (vocais). Ficaram até 2004. Em 2002, lançaram a demo “O iluminar da morte”. Na introdução, “O Guarani” de Carlos Gomes. “Isso é um símbolo do nacionalismo e as músicas são cantadas em português”, diz Murmur. Na trajetória, consta à saída do vocalista e do baixista, mas os remanescentes mantiveram a chama da banda acesa por mais dois anos, quando por motivos pessoais, Beemoo e Mammon não puderam mais dividir o palco com a Dark Flames. Durante dois anos buscaram novos membros e no ano de 2005, o horda deu uma nova guinada na sonoridade com a entrada de dois novos guerreiros: Lord Fúria (vocal) e Daemon Hael (teclados). Em 2006 entra Tormentor (baixo), e em 2007 Obscure Abaddon (bateria). Todos os integrantes são moradores da Zona Norte. O pseudônimo e a pintura do rosto são práticas comuns do Black Metal, referência a “guerreiros que vão à batalha”.
Influenciados pelo Black Metal dos anos 80 e 90, como Bathory, Venon, Emperor e Satyricon, o horda tem um vocal gutural e ríspido. “Nosso som é pesado e agressivo. A Dark Flames critica a hipocrisia religiosa, a luta entre o bem e o mal, paganismo, mitologia e ocultismo”, diz Daemon Hael. “A sonoridade não é tradicional, mas é inovadora e cada integrante traz algo diferente”, completa Fúria. “Temos uma legião de seguidores em Londrina, interior de São Paulo, Santa Catarina, Salvador e até em Cali, na Colômbia, aonde chegamos pelo selo Goat Music”, diz Tormentor. Com quatro obras no Myspace (http://www.myspace.com/darkflameshorde) a última apresentação foi em 15 de dezembro de 2007, em Londrina, no “Overdeath” e em 22 de dezembro, em Pirajú, São Paulo. Considerados undergrounds, preferem que seus trabalhos sejam conhecidos via demos e fanzines. Para eles, “Black Metal é algo levado a sério”.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Projetos analisam segurança alimentar

Elisa Yoko Hirooka, docente líder do grupo de pesquisas em Segurança Alimentar e Toxinas, da Universidade Estadual de Londrina, desenvolve os projetos "Produção de reagentes imunológicos - Transferência de Tecnologias" e "Cianobactérias e microcistinas em água", ambos por alunos e pesquisadores da UEL.
Os alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado dos cursos de Ciência de Alimentos, Farmácia e Bioquímica, Veterinária e Química, estudam como controlar toxinas de fungos (micotoxinas) e cianobactérias. "Isso ajuda os profissionais saírem preparados para o mercado de trabalho e atuar conforme as necessidades nas áreas analíticas, microbiológica, instrumental, biotecnologia e de reagentes", diz.
Elisa afirma que devido o Brasil depender muito do agrobusiness, precisa agilizar a qualidade do controle das pragas agrícolas e o desenvolvimento de tecnologias para garantir a segurança sanitária dos alimentos.
Um problema enfrentado pelo país é a aquisição de kits, específicos por exame, usados em laboratórios químicos para detectar contaminação em alimentos. O Brasil é muito dependente desta tecnologia estrangeira, tendo seu valor muito elevado, com preços que variam de R$1.000,00 a R$10.000,00 a caixa para trinta análises. "O preço é muito alto para os padrões da nossa agricultura".
Outro objetivo da pesquisa é a formação de recursos humanos capazes de criar este tipo de produto, além da importância da tecnologia visar à melhoria do controle de microrganismos e toxinas sobre gêneros de consumo interno e para exportação. "Queremos criar a mentalidade profissional para o cientista discutir e debater o assunto com a comunidade externa à universidade".
Fungos e bactérias, segundo Elisa, são comuns e crescem no meio-ambiente. No entanto, se a situação ficar favorável ao microrganismo, ele pode produzir toxinas nos alimentos e gerar doenças cancerígenas. Estudos procuram descobrir formas de controlar e evitar a contaminação a todos os tipos de alimentos e principalmente da água.


Toxinas em alimentos de origem vegetal

A farmacêutica Simone Fujii, doutoranda em Ciência do Alimento desenvolve o projeto "Produção de Imunoreagente, visando ao desenvolvimento de Coluna de Imunoafinidade para diagnósticos de Ocratoxina". O objetivo é desenvolver kits de colunas de imunoafinidade para análise de micotoxinas em alimentos.
Micotoxinas, segundo Simone, são classificadas como toxinas naturais, principalmente em alimentos de origem vegetal. Produzidas desde o início da cadeia produtiva, a micotoxina gera toxicidade crônica, como a ocratoxina, causada pelo do Aspergillum ochraceus e Penicillium verrucozum. Presente no café, as ocratoxinas podem gerar câncer e deficiência nos rins em longo prazo. "O projeto prevê o desenvolvimento de uma coluna (kit) reutilizável capaz de realizar trinta exames. Isso irá reduzir o custo e a dependência da importação", afirma Simone.
O método usado é o cultivo de células de camundongo (conforme o Código de Ética), para posteriormente produzir o anticorpo que dará possibilidade da criação da coluna. Testes preliminares com a coluna de imunoafinidade conseguiram reter a toxina do ocratoxina, porém, a quantidade de experiências deve ser muito grande para confirmar o método. Simone diz que “esta análise é”
importante para manter e controlar a qualidade dos alimentos, devido os compradores exigirem a análise de micotoxina".
Ela recomenda que o agricultor deve prestar atenção e cuidado com a colheita, armazenamento, manejo e análise dos produtos agrícolas, esses procedimentos, quando feitos corretamente, diminuem a contaminação e proliferação de fungos. Os benefícios da pesquisa são inúmeros, devido o controle, através de metodologias confiáveis e de custo acessível ser essencial para garantir fornecimento de alimentos isentos de contaminação por toxinas.


Monitoramento de água contaminada

Elisabete Hiromi Hashimoto, doutoranda em Ciência de Alimentos, trabalha com monitoramento de água contaminada por microcistinas, toxinas produzidas por cianobactérias freqüentes em água e desenvolve o projeto “Imunohistoquímica, visando ao controle de cianofíceas na piscicultura”. A doutoranda diz que o enriquecimento de água, por descarga de esgoto; lixiviação de solo fertilizado; e piscicultura que enriquece o meio com nutrientes, favorece o florescimento de cianobactérias que produzem cianotoxinas, algumas apontadas como promotoras de tumor. O limite permitido é de 1mg/l.
Elisabete Hashimoto se dedica aos estudos com a tilápia (uma espécie de peixe) devido o uso de ração na piscicultura, que favorece o enriquecimento da água. A cianobactéria produtora de toxina é consumida pelo peixe e afeta a saúde humana através da cadeia alimentar. Para descobrir se o peixe está contaminado, existe a técnica da imuno-histoquímica, que consiste numa reação antígeno-anticorpo diretamente no tecido do peixe. Esta mesma toxina (microsistina) foi encontrada no reservatório de água que abastecia uma clínica de hemodiálise em Caruaru, em Pernambuco no ano de 1996.
A doutoranda diz que muito pode ser feito para controlar as cianobactérias, como a atuação consistente de cada segmento, integrado com o setor produtivo a partir do controle, higienização e monitoramento da água e do pescado.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Ciclistas percorrem mais de seiscentos quilômetros em busca de um sonho


De Londrina e São Paulo. Na mochila a esperança

Na noite de treze de setembro deste ano, os ciclistas Jean Lima Moreira, 24 e Edielson Costa, 18, ambos do Maria Celina, Carlos Rodrigo Ferreira de Oliveira, 18, do Jardim Tocantins e Abiel Santos, 21, do José Giordano, saíram de Londrina para São Paulo numa aventura inesquecível a duas rodas. Percorreram 617 quilometros em três dias e duas horas. Nas bicicletas, com garupeiras adaptadas, muita água, mantimentos e uma carta que seria entregue a um possível patrocinador. “Não conseguimos entregar a carta e a jornada não foi fácil. No caminho paramos três vezes para dormir. Fazíamos isso debaixo de àrvores na estrada e em postos de combustíveis. O que vale é a experiência. Tudo que se faz na vida tem que ser com esforço”, diz Jean.
Todos integrantes da viagem compõe a equipe Bike Radical Show, que está junta há três anos. Eles se apresentam em escolas e participam de campeonatos por todo Paraná, onde realizam saltos em obstáculos e acrobacias em rampas.
A equipe, composta por seis integrantes, treina aos fins de semana no fundo de Vale do Maria Celina, em Londrina, Paraná. O patrocínio, que não foi conseguido, seria para a compra de uma Kombi ou uma Van para a logística do material esportivo, que é composto por rampas, obstáculos e bicicletas aro 20. Hoje o frete custa em torno de R$60. “Quando pedimos ajuda a órgãos públicos, como ambulâncias, policiamento e material de sinalização das ruas, raramente somos atendidos. Se a escola não ajudar, temos que tirar dinheiro do próprio bolso”, lamenta o esportista.
Quem quiser contratar ou conhecer o trabalho da equipe Bike Radical Show, pode entrar em contato com Jean, no (43) 84114592 ou (43) 33382241.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Trabalhadores perdem empregos


As empresas, que detêem o monopólio do transporte coletivo em Londrina, viabilizaram ônibus sem cobradores. Além de diminuir o tamanho dos coletivos, foram implantadas na cidade as catracas eletrônicas. Diferente dos cobradores, as catracas geram um custo bem menor. Em contrapartida tiram centenas de empregos e diminuem a segurança do motorista, que percorre o trajeto sem o "companheiro" e corre maior risco de ser assaltado.

O salário de um cobrador gira em torno de R$ 740,00 e muitos sustentam famílias com a renda. "Não sei o que fazer se perder o emprego", diz um cobrador que prefere não se identificar. Com escolaridade de nível médio, ele faz a contabilidade do ônibus e auxilia o motorista.

A assessoria de imprensa da Transportes Coletivos Grande Londrina foi procurada para falar sobre o assunto. Afirmou, em nota, que os ônibus articulados que serviam Londrina foram deslocados para Maringá, devido os altos custos da frota. Quanto a implantação das catracas eletrônicas, a empresa preferiu não se pronunciar.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Conto - Piranã

Cauã saiu muito cedo de casa para estudar. Era antropólogo e vivia na Amazônia, o “pulmão” da humanidade. Lembra-se com saudades da família e da longa viagem, feita de avião, ônibus e barco, que o levou até onde mora, nos confins da Amazônia, muito próximo a divisão do Brasil com o Peru e a Colômbia. Viu botos cor-de-rosa, que, segundo a lenda, transformam-se em belos e sedutores homens, índias que viviam nuas como no período pré-histórico, as belas matas brasileiras, animais e aves em perigo de extinção, a Pororoca (encontro entre os rios Negro e Solimões) e a exuberância de Manaus. Apesar disso tudo, perdera a visão romântica da vida devida sua obstinação pela antropologia e pelo modernismo, que conheceu em São Paulo, a grande Selva de Pedras. Morava na Amazônia há dois anos e lá fez muitas amizades com nativos, índios, bolivianos, venezuelanos, colombianos, peruanos e até europeus e norte-americanos que iam lá à pesquisa ou a turismo.Além da antropologia, Cauã era fotógrafo, profissão na qual tirava grande parte de sua renda. Enviava as fotos, via internet, para serem publicadas em revistas especializadas em São Paulo e também para pesquisas científicas, dessas, onde descobria, aos poucos, fatos inéditos e surpreendentes daquele local. Uma delas foi que numa região isolada da Amazônia, próximo ao Peru, havia há cerca de 400 anos, uma população indígena evoluída em relação às outras tribos, quanto às ciências e cultura. Pesquisas e relatos históricos captados por entrevistas, manuscritos e pictografias, apontam para o conhecimento e uso da roda na produção agrícola e de animais, parentes da lhama, no transporte de mercadorias. O comércio entre as tribos era intenso, eles irrigavam as plantações via dutos subterrâneos e se comunicavam, na forma escrita, por códigos e sinais compostos de letras e números. Alguns desenhos mostram traços físicos diferentes. Se pareciam muito com pássaros, seus lábios eram alongados e seus corpos revestidos de penas. Produziam instrumentos musicais e a sociedade era organizada politicamente de forma igualitária. No entanto, a população desapareceu. Restaram poucos sobreviventes e sabe-se que foram extintos pela gana de conquistadores que os escravizaram até a morte. Alguns remanescentes escaparam e se esconderam na mata densa. Muito do que se conhecia virou lenda, transmitida oralmente para futuras gerações de outras tribos. Cauã viu ali um fato inédito que deveria ser pesquisado mais a fundo e que renderia uma publicação científica. Foi aí que ele conheceu o elo perdido e a lenda de Piranã.

Piranã - Parte II

Abaré era um nativo jovem e seu nome significa “companheiro do homem”. Ele conhecia muitas lendas locais. Dizia que a cidade tinha mais habitantes, atraídos pela imigração, há 30 anos, mas foram embora porque o município era envolto pela selva e isolado das outras cidades. Só era possível chegar lá, em dias de chuva, de barco ou de avião. Devido ao êxodo, era comum encontrar diversos animais, como onças, tatus, capivaras, cervos e lagartos, que andavam tranqüilamente pelas ruas. Foi numa dessas conversas que Abaré lhe contou a lenda da antiga civilização e como ela surgiu:“Quem me contou esta história foi meu bisavô, que escutou do bisavô dele, que nasceu há mais de 200 anos. Ele escutou a história da boca do seu bisavô, que soube dessa história quando era menino. Disse que o cacique da tribo Oxicana prometeu a mão de sua filha, Mré, ao guerreiro Hyn, da tribo Xancaran. As duas tribos viviam em harmonia e não havia guerras em ter si. Trabalhavam e se ajudavam mutuamente para gerar progresso. Tinham atividades políticas e culturais, celebravam o poder da natureza que com tudo os agraciava, desde os alimentos aos vestuários. Não existia religião nem injustiças.Mré, noiva da tribo guerreira, tinha um condor. Numa manhã, ao chegar da pesca, com outras mulheres, não encontrou o pássaro, de nome Piranã, e ficou preocupada. Tinha que alimentá-lo e o medo de que fosse embora e nunca mais voltasse era imenso. Preocupada, foi à tribo de seu noivo perguntar se alguém viu o condor ou enviou algum recado por ele. A resposta de Hyn foi negativa e isso a desolou. O casal foi para a floresta que dividia as aldeias procurar o pássaro, mas foi em vão. Aos prantos, a princesa não sabia o que fazer. Sentou-se num tronco e Hyn enxugou suas lágrimas. Na volta, ouviram uma voz alta perguntar o motivo do choro. Viram um homem alto, de cabelos negros e lisos, que tinha um alforje, vestia uma roupa preta e azul, parecida com um poncho, e, na mão direita levava um cajado. Seu rosto era marcado por pinturas tribais, feitas à base de cascas de árvores, ervas naturais e colorau, usado como tempero e corante.— Choro porque perdi Piranã. Grande índio, não vistes por aí um condor?Ele negou e falou que se Piranã for um amigo verdadeiro, voltará em breve.Tais palavras deram forças e esperança para a linda princesa que lhe perguntou seu nome. No entanto, ele não respondeu, disse apenas que conhecia o belo casal e, apesar de tudo, seriam muito felizes.— Como você nos conhece se nunca lhe vimos? — perguntou Hyn.O sábio disse que conhecia todos os seres do mundo, desde as menores plantas até o mais bravio guerreiro. Pelo fato do casal estar ali, no meio da mata, à procura de um pássaro, seriam agraciado pelas forças supremas.— Quem gosta de animais e da natureza tem muitas virtudes.Ainda triste, a princesa perguntou o motivo de ele estar na mata apenas com um alforje e um cajado. Naquele local, era fácil ser atacado por uma onça. Pela segunda vez, o misterioso nada disse e pediu segredo ao casal, porque ia revelar-lhes algo surpreendente. Eles balançaram a cabeça em sinal de obediência. Com isso, ele tira do alforje um tapete com o qual forrou o chão. Sentou-se e cruzou as pernas. O casal aproximou-se e fez o mesmo. Então, ele contou uma antiga lenda indígena."
"Há muito tempo, quando Tupã fez o mundo, havia somente a Terra sem vida alguma. Só existia água. Um infinito de águas. Tupã, o Todo Poderoso, Criador dos Céus e da Terra e do Universo, achou que o planeta devia ser habitado por homens, criados a sua imagem e semelhança. No alto de seu poder e sabedoria, concedeu infinitos poderes a Quará, o rei Sol, para que secasse um quarto da água que havia no mundo. Com isso, os elementos terra e água viveram em harmonia. Como havia barro em abundância, o Criador usou esta matéria-prima para fazer as criaturas. Tupã criou o homem do barro. Porém, ele não era forte, ao se molhar, desmanchava-se e virava terra. Se exposto a Quará, secava e tornava-se poeira que se esvai com o vento. Tupã, sem saber o que fazer, criou as árvores com seus frutos e embelezou a Terra. Descobriu que as árvores eram fortes, fixas no solo e não se moviam. Resolveu, então, criar o homem de madeira, que daria bons frutos e aroma com suas flores. Quando o homem-árvore começou a crescer e a florescer, disse ao Senhor que precisava caminhar para admirar a beleza da Terra. Tupã explicou que isso era impossível, pois, como a árvore, ele deveria ficar fixo na sua terra e dar bons frutos. O homem-árvore ficou triste e chorou. Suas lágrimas eram suas folhas, que forraram o chão. Clamou a Tupã que o fizesse de outra forma, nem de barro nem de madeira, mas que fosse forte, pudesse caminhar. Tupã lhe pediu que ficasse tranqüilo. Faria uma criatura forte sem que a água ou o poder de Quará o desmanchasse. Ele seria ereto e caminharia sobre a Terra. Tupã descansou e, no outro dia, de manhã, juntou terra, água e madeira. Com a mistura, fez um homem com costelas de madeira e órgãos de barro. Sua obra era perfeita e ele sabia que o homem não podia ser feito apenas com a madeira ou o barro, e sim com ambos. Com sua sabedoria, colocou a criatura em pé e assoprou no seu nariz. Aquilo que era madeira transformou-se em ossos e cada pedaço de terra virou uma célula. Este homem foi criado à imagem e semelhança de Tupã."

Piranã - Fim


Mré se emocionou e ficou interessada, porém, lembrou-se de Piranã. O índio, ao perceber sua preocupação, disse que o condor, um dia, voltaria. Perguntou se eles queriam ouvir a outra parte da história. Concordaram, mas mantinham o semblante preocupado. O ancião se concentrou, fixou o olhar no horizonte e continuou.
Depois daquele dia, o homem tinha vida própria, andava na chuva, no sol, entrava em rios, montanhas, enfim, por onde quisesse. Tupã via sua alegria, mas notava que estava só. Resolveu dar-lhe um irmão. Quando a criatura dormiu, tirou uma costela e dela fez um ser igual e ele. Mas, para que não houvesse confusão e para que não soubessem quem foi criado primeiro, o Criador chamou os gêmeos de Matehuala e Túxpan. Como andavam pela terra, Tupã lhes deu poder para criar animais e se transformarem no que quisessem, no entanto, não teriam a forma humana ao mesmo tempo. Matehuala, durante o dia, seria homem, criaria os animais conforme a sua vontade e, em seu rosto, haveria um círculo. Durante a noite, se transformaria em animal. Túxpan teria riscos no rosto e daria continuidade à criação de Matehuala. Nas trevas, seria humano, e seus animais teriam hábitos noturnos, como a coruja, o morcego, o cachorro do mato, o lagarto e a preguiça. A perfeição de Tupã era tanta que, durante o dia, Túxpan virava uma águia e acompanhava Matehuala e, na noite, Matehuala transformava-se em um cachorro do mato.
Túxpan criava um ser e, quando o sol nascia, metamorfoseava-se em animal, Matehuala então completava o trabalho. Assim surgiu o tamanduá. Uma vez, Túxpan criava um ser quando o irmão, transformado numa coruja, avistou muitas formigas. Elas comiam tudo e devastavam o caminho por onde passavam. Túxpan não sabia o que fazer. Ao raiar do dia, o ser em suas mãos estava inacabado. Transformou-se numa águia e voou bem alto, acima das estrelas, para ver as formigas. Avistou uma sombra que caminhava durante o dia. As formigas eram tantas que formavam uma montanha com mais de dois quilômetros de altura. Matehuala pensou rápido e fez um animal com a barriga e o nariz grande, além de uma boca comprida, capaz de comer um formigueiro com um único sopro. Assim nascia o tamanduá.
— Mas como um homem se transforma em animal? — queria saber Mré.
O ancião respondeu que, para Tupã, nada é impossível e, quem sabe, Piranã transformou-se num homem ou em outro animal.
— Pára com isso, assim você deixará a princesa mais triste — falou Hyn.
Sem perder a postura, o homem disse que os seres que fazem o bem para o mundo e para seus semelhantes podem tudo aos olhos do Criador e perguntou ao casal se queriam saber o fim da história. A princesa, com os olhos lacrimejantes deixou cair várias lágrimas no chão que rolaram pela terra e foram dormir no pé de um ipê. A árvore, imediatamente, floresceu belas flores roxas e aos pés do ipê brotou um imenso e caudaloso rio.
Tupã resolveu que Matehuala e Túxpan deviam ter filhos para habitar o planeta. Os filhos de Matehuala tinham, no rosto, um risco horizontal e os de Túxpan, um círculo. Os descendentes de Matehuala deveriam casar-se com os filhos de Túxpan, mas nunca um filho de Matehuala poderia se unir a um descendente de Matehuala. Assim, quem tivesse a marca de um risco viveria e teria filhos com os que têm círculos no rosto. Se houvesse um casamento errado, as duas tribos desapareceriam da face da Terra por desrespeitar a tradição.
— Mas como saber quem é Matehuala ou Túxpan? — perguntou Hyn.
— Olhe seu rosto refletido na água e saberá quem tu és: Matehuala ou Túxpan. Veja, analise e descubra sua identidade. Em qual animal você pode se transformar? Na águia? No onça? No cavalo? Pense no seu pai. É o homem que determina os filhos Matehuala ou Túxpan. Hyn, peço que vá morar com a família de sua mulher, dê continuidade aos trabalhos de seu sogro, proteja e defenda a família da sua mulher.
Isso mexeu com a cabeça de Mré e Hyn. Anoitecia e eles tinham que ir embora, mas, antes de se despedir, o grande índio falou que faltava o fim da história.
— Como, no mundo, a vontade de Tupã deve ser respeitada, chegará o dia em que os filhos de Matehuala e Túxpan, homens de carne e osso, não habitarão o mundo, em seu lugar, haverá homens de metal com olhos de vidro, corpo resistente à chuva de fogo, tempestade de areia e ao sol escaldante. Seu alimento será a energia de Quará, o rei Sol. Ela será renovada quando a seta de Quará tocar suas cabeças. Sua força durará por muito tempo, mesmo que o mundo esteja em trevas. Ele nunca envelhecerá ou morrerá e seu nome será Robô.
— Porque o homem de metal viverá no lugar do homem de carne e osso? — perguntou Mré.
— Os homens de carne e osso destruirão tudo por ganância. Não existirão mais recursos naturais, como a água e as árvores, e o poder de Quará será intenso.
Depois disso, levantaram-se e despediram-se. O ancião ergueu a cabeça e disse a Mré que Piranã nunca mais voltaria para casa.
— Seu condor foi escolhido por Tupã para levar a mensagem de paz aos homens de carne e osso. Dizer a todos que a preservação do mundo é necessária, senão, em breve, os homens de metal serão os próximos habitantes do planeta. Piranã voará alto, acima das estrelas para cumprir sua missão.
Mré foi para casa e sua tristeza era tal que suas lágrimas formaram uma grande lagoa com peixes e plantas e, ao abraçar Hyn, viu uma estrela brilhar no céu e uma ave condoreira, negra e azul lá no alto. “Era Piranã, que voava longe para levar a mensagem da paz.”

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

OVNI´s invadem o Norte do Paraná - Verdade ou ficção?

Estranhos acontecimentos ufológicos mexem com a imaginação popular

Histórias que envolvem extraterrestres têm como credibilidade o depoimento das personagens, sendo o testemunho, a única forma de confirmar sua veracidade. Jocelino de Matos é um desses personagens. Ele conta que em Maringá, em 1979, então com 21 anos, voltava da casa da irmã, acompanhado do irmão caçula, quando foram abdusidos por extraterrestres.
Na ocasião, a Policia Militar foi acionada e enviou uma viatura ao local em que Jocelino afirmou ter se encontrado com a nave espacial. Ao vistoriar o terreno, a policia percebeu marcas que mostravam que Jocelino e Roberto foram arrastados por quatro metros. Porém, não havia indícios que mostrasse o pouso da nave, radioatividade ou algo extraordinário.
Segundo o ufólogo de Mandaguari, Paulo César de Oliveira, autor do livro "Naves Cósmicas - Portal de Luz para uma grande missão" (120 páginas), o fato teve grande repercussão e trouxe diversos especialistas à cidade para estudar o caso. Exames médicos e psiquiátricos com Jocelino confirmaram a hipótese de que ele fez mais de um contato e que, após a experiência, passou a "psicografar" mensagens supostamente ditadas por extraterrestres. Eram rabiscos sem sentido que não foram traduzidos e nem Jocelino sabia decifrar.
Em 1982, o fotógrafo Mário Mori, registrou um objeto voador, sobrevoando Londrina, no Norte do Paraná. Não muito longe, em Jataizinho, luzes misteriosas assustaram quem estava na praça de pedágio na noite de oito de abril de 2003. O guarda noturno do pedágio focalizou, com seu equipamento de monitoração, luzes semelhantes a uma "água-viva marinha".

Disputa tecnológica: O ufólogo Paulo César afirma que a disputa tecnológica impede a revelação de descobertas como as fotos da superfície de Marte com "pirâmides e tubulações que levam ao centro do planeta vermelho", ou as "viagens por outras dimensões". Um exemplo é o dos foguetes extraterrestres, que para viajar de uma estrela a outra, não utiliza o plano físico, mas "a 4ª dimensão, onde o tempo e o espaço não existem".
Para que isso aconteça, é necessário um reator que tenha força de aceleração tão grande, que a matéria se transforme em luz e entre pela 4ª dimensão. Entretanto, o domínio sobre a matéria deve ser muito avançado. Impossível? Paulo afirma que em 1947, os Estados Unidos, com o experimento Filadélfia 1, conseguiu colocar um navio inteiro na 4ª dimensão. Para isso, aceleraram as moléculas do navio com um redemoinho eletromagnético.
Entretanto, o físico Mário Goto, afirma que tais experimentos ou viagens seriam impossíveis de serem realizados com a tecnologia que existe na Terra.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Preservando a memória - Time de futebol, do Heimtal, tem mais de 50 anos

Reinold Strass e José Caponi arrancaram os tocos de Santa-Bárbara do terreno e fizeram as traves de vigota: estava pronto o primeiro campo do Patrimônio

Em 1952, no Heimtal, Reinold Strass e José Caponi deixaram de jogar bola na rua. Eles arrancaram uns tocos de santa-bárbara que havia no terreno, onde hoje é a praça do Patrimônio, e fizeram o primeiro campo de futebol com traves de vigota. O jogo de estréia foi contra a Fazenda Maria Lúcia e muitas outras partidas se seguiram, movimentando os domingos do lugarejo. Em campo, times das fazendas Santa Ana, Cascatinha e Primavera.
Caponi, que mora até hoje no Patrimônio, chegou em Londrina no dia 8 de dezembro de 1948, vindo de Jacutinga, interior de Minas Gerais. Ganhou, da avó italiana, o apelido de Zizi, trabalhou na Viação Garcia, na antiga empresa de Energia Elétrica do Paraná e foi barbeiro. Por sua iniciativa, foi criado o primeiro time veterano do Heimtal, em 1º de maio de 1980 e que atua até hoje.
Em 1959, quando a rodovia João Carlos Strass era de terra e na Região Norte de Londrina, só tinha café, o campo que hoje é utilizado pelo Heimtal Futebol Clube foi construído num antigo canavial e teve Antonio Caponi, pai do sr. José, como primeiro presidente.
José Marcolino, 69 anos, o Zé Badu, que mora há mais de 50 anos no Patrimônio, veio de Orandi, Bahia, para trabalhar com os pais como lavrador. Entrou no time como quarto-zagueiro e recorda que antigamente as partidas eram disputadas com bolas de capotão e os placarem não passavam de 1 x 0 ou 2 x 1. "Eram partidas difíceis, mas conquistamos vários troféus", comenta.
Zizi observa que hoje pouca gente vai ao campo. "Antes, quando tinha jogos na praça do Heimtal, as pessoas vinham dos sítios e das fazendas da região para assistir as partidas", relembra.
Atualmente, o Esporte Clube Heimtal se mantém com a ajuda de amigos, com a venda de espaços publicitários no campo e com a promoção de bailes.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Moradia Popular - Programa dá acesso a plantas de casas

O Programa Casa Fácil surgiu há mais de dez anos e fornece plantas e projetos gratuitos a famílias carentes. Segundo o professor da Universidade Estadual de Londrina, Hélio Silveira Ribas, do Departamento de Estruturas/CTU, o projeto foi uma idéia do ex-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), engenheiro Rildo Mendes Lima. Implantado inicialmente em Curitiba e estendido para as principais cidades do Estado, o programa funciona em Londrina, em convênio entre a UEL, CREA e Prefeitura. As famílias, que têm renda máxima de três salários mínimos por pessoa, têm direito ao atendimento.
"O Casa Fácil é um projeto de extensão da UEL, coordenado pela Pró-Reitoria de Extensão (PROEX). O interessado precisa fazer inscrição na Secretaria de Obras da Prefeitura para ser encaminhado à UEL, passar por uma triagem no Serviço Social e só então ser atendido pelo Programa Casa Fácil, que funciona de segunda a sexta-feira, em horário comercial", diz Ribas. Depois, o interessado discute com o estagiário de Arquitetura, para desenvolver o projeto da casa, que terá no máximo 70m².
O profesor Hélio Silveira explica que não há um modelo específico e padronizado de planta. Elas são feitas de acordo com a necessidade da pessoa. Existem projetos prontos, que podem ser adaptados, ou são criadas novas plantas. A vantagem é que as casas não são padronizadas, como as da Cohab.
José Aparecido Pascoal, morador da Vila Yara, em Londrina, é casado, tem dois filhos, trabalha como porteiro e procurou o programa. Ele financiou um terreno e diz que o Casa Fácil ajuda a economizar com o projeto e o dinheiro pode ser investido na compra de material de construção, além de ser uma oportunidade de realizar o sonho da casa própria.
Pascoal sugere que a Universidade, além da planta, poderia dar um curso de pedreiro, para ajudar nos custos da mão-de-obra. Além disso, gostaria que sua futura casa fosse de frente (com espaço no fundo do terreno), com dois quartos, dois banheiros, sala, cozinha e àrea de serviço.
Romário Vinícius, estagiário do 3° ano de Arquitetura e Urbanismo, desenvolve plantas no programa e acredita ter aptidão. "No último ano do curso, o aluno se aprimora. No 1° e 2° ano, tive aulas de desenho, agora trabalho com projetos de urbanismo". Segundo o aluno, o projeto é de responsabilidade social e desenvolvido numa universidade pública. "O aluno deve ter consciência da obrigação de desenvolver algo pela comunidade".

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Comendo bem e barato - Cascas e talos também vão para a panela

Talvez você não saiba, mais existe uma gama de alimentos jogados no lixo que são ricos em vitaminas. Para que não haja desperdício, a comunidade do bairro João Paz, em Londrina, se organizou para ministrar cursos que ensinam as donas-de-casa a melhorarem a dieta da família e a economizar na hora de cozinhar. As aulas são dadas por Dinorá de Paula Fernandes de Lima, 58 anos, pioneira no João Paz, que aprendeu a incrementar as refeições dos quatro filhos sem gastar muito. "Tinha que colocar comida na mesa para as crianças, não podia trabalhar fora, meu marido era viajante e o dinheiro era curto. O jeito era encontrar uma forma de cozinhar bem e com economia", justifica. "Muitas coisas eu comprava, outras plantava no fundo de casa, como cenoura, beterraba, verduras, etc", revela.
Ela aprendeu a utilizar as cascas, talos, sementes e folhas que poderiam ir para o lixo. Além de economizar no mercado, dona Dinorá se orgulha da saúde dos filhos - todos com mais de 20 anos hoje. "Economizei na farmácia e no dentista porque todos têm dentes muito bons. Meu filho de 24 anos nunca nunca teve uma cárie."
Cozinheira profissional, ela aprendeu sozinha a aproveitar as sobras. "Quando a gente está grávida, o médico dá muitas orientações. Com a vinda dos filhos, escutei muita coisa importante", acrescenta. "O que seria jogado fora deve ser bem lavado e deixado de molho com um pingo de água sanitária. Depois de limpos, devem ser cortados em pequenos pedaços. São ótimos no preparo de refogados, sopas e para misturar ao arroz e na carne."
Com os filhos crescidos, Dinorá decidiu passar adiante sua experiência, ensinando que todos estes alimentos são ricos em vitaminas, ferro e cálcio, além de serem indicados para pessoas com anemia e outros problemas de saúde. "As folhas verdes, por exemplo, tem grande concentração de ferro e cálcio", diz baseando-se na cura de um dos filhos. "Couve batida no liquidificador é bom para úlcera também", indica. Apesar do hábito de comer verduras não ser comum entre as crianças, a cozinheira afirma que cabe à mãe ensinar e usar a criatividade na hora de cozinhar. "Meus filhos aprenderam a comer de tudo", acrescenta.

Dicas de combate ao desperdício

*Talos de couve, agrião, beterraba, brócolis e salsa, entre outros, contém fibras e podem ser usados em refogados, no feijão e na sopa.
*Não jogue fora os talos do agrião - eles contém muitas vitaminas. Limpe, pique e refogue com tempero e ovos batidos.
*As folhas de cenoura são ricas em vitaminas A e devem ser aproveitadas em bolinhos, sopas ou picadinhas em saladas.
*A água do cozimento das batatas concentra todas a vitaminas. Aproveite-a, juntando leite em pó e manteiga para fazer purê.
*As cascas da batata, depois de bem lavadas, podem ser fritas em óleo quente e servidas como aperitivo.

Receitas práticas e simples

Fanta Caseira

INGREDIENTES
4 cenouras grandes;
1 copo de suco de limão;
casca de 1 laranja;
3 litros de água;
Açúcar e gelo (a gosto).

MODO DE PREPARO: Bata no liquidificador as cenouras com 2 copos de água. Coe e reserve o resíduo. À parte, bata o suco de cenoura, o suco de limão e a casca de laranja. Coe e acrescente o restante da água, o açúcar e o gelo
DICA: O resíduo é aproveitamento para sopas, docinhos, no arroz, etc.
Valor Nutritivo: Carboidratos; vitamina A e C.


Bolinhos de talos vegetais (de espinafre; brócolis; folhas em geral e legumes)

INGREDIENTES
3 xícaras de talos de vegetais;
1 cebola picada;
2 dentes de alho amassados;
1 xícara de leite;
4 colheres (sopa) de farinha de trigo;
sal (à gosto).

MODO DE PREPARO: Faça um refogado com a cebola, alho e os talos de vegetais picados. Depois, acrescente a farinha misturada com o leite e deixe cozinhar mexendo sempre, até formar um creme espesso. Tempere a gosto. À parte, leve ao fogo o óleo para aquecer e depois faça os bolinhos e frite-os no óleo quente. Os bolinhos podem ser passados em ovo batido e na farinha de rosca.
Valor nutritivo: Fibras, vitaminas, minerais, proteína e carboidrato.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Ave que simboliza o Paraná está ameaçada de extinção

A gralha-azul (Cyanocorax caeruleus), ave típica da fauna do Paraná, é encontrada em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, sudeste de São Paulo, leste do Paraguai, nordeste da Argentina e Mata Atlântica. Segundo o professor Luiz dos Anjos, do Departamento de Biologia Animal e Vegetal da Universidade Estadual de Londrina (UEL), a ave ajuda no reflorestamento das florestas de araucárias, no entanto, devido à depredação ambiental, a vulnerabilidade e ameaça de extinção crescem aos poucos.
Luiz dos Anjos explica que a relação conhecida por mutualismo, entre a gralha e a araucária rustifórmica (pinheiro), acontece durante o inverno, quando o pinhão, semente da araucária, é seu principal alimento. "Quando a gralha pega o pinhão e voa para outra árvore para se alimentar (ela nunca fica no mesmo local onde pegou o alimento), coloca o pinhão nos galhos do pinheiro e o segura com as garras, abrindo-o em seguida. Muitas vezes, o pinhão escapa e cai no chão. Quando isso ocorre, a semente é absorvida pelo sub-bosque denso que existe ao redor da árvore. A gralha-azul volta ao pinheiro e busca outro pinhão, preferindo não ficar vulnerável a predadores", diz. O fato dela voltar a araucária para buscar outro pinhão contribui para a dispersão acidental da árvore.
Luiz dos Anjos diz que o pássaro que simboliza o Estado do Paraná, desaparece de várias regiões, devido à proliferação da espécie depender de grandes áreas de florestas. "Por causa do constante processo de desmatamento, as populações diminuem junto com as chances de sobrevivência". O professor alerta que a gralha-azul se enquadra, em termos de conservação, como vulnerável, pois o número da população já inspira preocupação quanto à manutenção ao longo do tempo. Para reverter o quadro, áreas remanescentes de florestas de araucárias devem ser mantidas e é necessário um censo para se ter idéia de eventuais planos de manejo e repovoamento a serem desenvolvidos.
Quanto aos predadores, a gralha-azul não tem muitos, devido ao seu porte avantajado, (do bico à cauda mede de 30 a 40 centímetros). A predação pode ser de pequenos mamíferos, como o quati, que tem acesso a ovos e ninho. Quando adulta, aves de rapina são os principais predadores. Uma característica da espécie é a vivência em grandes bandos, onde os indivíduos defendem-se uns aos outros e beneficia o período reprodutor, quando outras três aves ajudam o casal a proteger e cuidar do ninho. O ciclo de vida, da gralha-azul, varia de 12 a 15 anos e a solidificação de ovos ocorre uma vez por ano com geração de três a cinco ovos

A lenda da Gralha-Azul

Era madrugada, o sol não demoraria a nascer e a gralha ainda estava acomodada no galho amigo onde dormira à noite, quando ouviu a batida aguda do machado e o gemido surdo do pinheiro. Lá estava o machadeiro golpeando a árvore para transformá-la em tábuas. A gralha acordou. As pancadas repetidas pareciam repercutir em seu coração. Num momento de desespero e simpatia, partiu em vôo vertical, subiu muito além das nuvens para não ouvir mais os estertores do pinheiro amigo. Lá nas alturas, escutou uma voz cheia de ternura:
- Ainda bem que as aves se revoltam com as dores alheias. A gralha subiu ainda mais, na imensidão. Novamente a mesma voz a ela se dirigiu:
- Volte avezinha bondosa, vá novamente para os pinheirais. De hoje em diante, Eu a vestirei de azul, da cor deste céu. Ao voltar para o Paraná, você vai ser minha ajudante e plantar pinheirais. O pinheiro é o símblo da fraternidade. Ao comer o pinhão, tirá-lhe primeiramente a cabeça, para depois, a bicadas, abrir-lhe a casca. Nunca esqueça: antes de terminar o seu repasto, enterre alguns pinhões com a ponta para cima, já sem cabeça, para que a podridão não destrua o novo pinheiro que dali nascerá. "Do pinheiro nasce a pinha, da pinha nasce o pinhão... Pinhão que alegra nossas festas, onde o regojizo barulhento é como um bando de gralhas azuis matracando nos galhos altaneiros dos pinheiros do Paraná. Seus galhos são como braços permanentemente abertos, repetindo às auras que o embalam o meu convite eterno: Vinde a mim todos..."
A gralha por uns instantes atingiu as alturas. Que surpresa! Onde seus olhos conseguiam ver seu próprio corpo, observou que estava todo azul. Somente ao redor da cabeça, onde não enxergava, continuou preto. Sim preto, porque ela é um corvídeo. Ao ver a beleza de suas penas da cor do céu, voltou célere para os pinheirais. Tão alegre ficou que seu canto passou a ser um verdadeiro alarido que mais parece com vozes de crianças brincando.

"O plantador de pinheiros", escrita em 1925 por Eurico Branco Ribeiro, no livro "A sombra dos pinheiros".

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Jesús MalVerde

Esse foi Jesús Malverde. A imagem do Santo tem cabelos, olhos, sobrancelhas e bigodes negros. Veste uma camisa branca e traz um lenço escuro atado ao pescoço. É o santo protetor dos narcotraficantes e seus milagres nunca foram reconhecidos pela Igreja. MalVerde tem três capelas que honram sua memória. Uma em Cali, na Colômbia; outra em Culiacán, no México e a terceira em Los Angeles.
A lenda conta que Jesús Malverde foi um bandido que viveu no final do século XIX na serra de Sinaloa (México) e sua cabeça teria um preço. Um caçador de recompensas atirou em sua perna, mas ele se refugiou nas montanhas. O ferimento gangrenou e quando não havia esperanças de salvar sua vida, pediu a um de seus companheiros que lhe entregasse ao Governo de Porfírio Diaz, cobrasse a recompensa e utilizasse o dinheiro para ajudar os pobres.
No dia 3 de maio se comemora o dia desse santo bandoleiro e a capela de Culiacán se enche de fiéis e devotos do Robin Hood mexicano. É o "patrão" dos pobres e dos deseperados. Acima de tudo, é um santo que muitos rezam em sua memória e encomendam sua sorte. A capela de Malverde, em Culiacán, a primeira das três, é no mesmo sítio em que o bandoleiro foi enforcado, em 1909 e há poucos metros do Palácio do Governo do Estado de Sinaloa. É uma construção caótica e abrigada em apenas 100 metros quadrados e com pequenas salas. Ao redor do busto de Malverde, aparecem muitas fotos e dezenas de placas, sendo que a maioria contém erros de ortografia. "Gracias por ayudarnos asta Arizona", reza uma delas, que está rodeada de bilhetes e notas de cem dólares cravadas na parede a modo de oferenda. Ela foi erguida com doações de fiéis, é aberta 24 horas por dia e recebe três mil pessoas por mês.
Não existem provas reais que ele existiu, como certidão de nascimento, registro de passagens por prisões ou hospitais, notícias em jornais sobre seus roubos ou um atestado de óbito. No cemitério, também não há lápide, mas os fiéis preferem ignorar os fatos.

domingo, 2 de dezembro de 2007

A urbanização influência nos fatores sócio-econômicos de uma comunidade?

Bairro muda a fama de violento a partir de ações dos moradores e com a chegada da urbanização

Assaltos, roubos e homicídios eram comuns no dia-a-dia do Jardim São Jorge, bairro localizado na região norte de Londrina. Por isso, o bairro era notícia freqüente nos noticiários de jornais, rádios e TV´s. A fama que perseguia os moradores desde o início da ocupação da área era tanta, que chegou ao ponto de nem conseguirem empregos na cidade. Mas isso mudou a partir de meados de 2003, com a chegada da urbanização ao local. O asfalto e os benefícios que ele proporcionou, mexeu com o brio da comunidade que decidiu se unir, por intermédio da associação de moradores local e também “sanear” a fama do São Jorge, que atualmente tem cerca de 4,5 mil habitantes.
Augusto Corrér, presidente da Associação dos Moradores do Jardim São Jorge, lembra que a onda de violência era tamanha que os caminhões que faziam entrega de bebidas e gêneros alimentícios só entravam no bairro sob escolta policial ou em companhia de comerciantes locais, pois a possibilidade de serem assaltados, em plena luz do dia era grande.
Segundo Corrér, os assaltos e furtos a residências, comércio e ônibus que faziam a linha do bairro eram freqüentes. “Percebemos que a situação chegou a um ponto insustentável quando os ônibus deixaram de entrar no bairro, pois os motoristas e cobradores tinham medo de serem assaltados. Foi a partir daí que a associação convocou os moradores para reuniões para tratar da questão e convencê-los de que a responsabilidade e o zelo pelo patrimônio devem ser feitos pela comunidade”. diz.
Com isso, os moradores decidiram se engajar para diminuir a violência no bairro. Entre as estratégias, a denúncia de crimes e a identificação de criminosos para a Polícia. “Vários infratores se mudaram ou foram presos. Criou-se um código de ética e de postura, em que o cidadão, o pai de família, não precisava ficar preocupado em deixar sua residência sozinha e não mais encontrar sua TV, na volta. Hoje em dia, o lugar é de muito respeito”, diz Corrér.

Exemplo – O capitão Roberto de Moura Rocha, comandante da 2ª Companhia da Polícia Militar, lembra que o Jardim São Jorge tinha muitos problemas e liderava o número de chamadas recebidas pela PM, “chegando ao ponto de serem registrados de dois a três homicídios por semana e altos índices de furtos. A organização e a cobrança dos moradores em assembléias coibiram a ação dos infratores. Por isso, o conceito do São Jorge hoje é muito bom”, diz. O capitão Rocha comenta ainda que muitos bairros em outras partes de Londrina, que contam com melhor infra-estrutura e padrão socioeconômico mais elevados, estão enfrentando crescentes problemas na área de segurança. Por isso, o militar recomenda que essas comunidades deviam seguir o exemplo do São Jorge.

Estamos no céu, diz comerciante

O comerciante Severino Tavares da Silva montou o Mercado Tavares no bairro, desde a sua fundação, em 1999, na rua Rita Pereira. Hoje, sente-se à vontade para relembrar os dias difíceis do início do negócio, quando tinha que ficar atento para evitar assaltos ao estabelecimento e a fornecedores.
“Olha, o pessoal do leite mal encostava aqui e já tinha assaltante esperando. Mas eu não deixava eles roubarem não. E graças a Deus, nunca roubaram nada aqui”, garante, lembrando-se que o bairro justificava a fama de violento. “Só haviam duas empresas que faziam a entrega dos nossos pedidos. Lógico que com a segurança da Polícia ou mesmo dos comerciantes. Hoje, os caminhões de mais de 30 empresas entram no bairro na maior tranqüilidade. O São Jorge está um paraíso”, diz.
Severino credita à chegada do asfalto a debandada dos ladrões do bairro. “Eles foram embora, porque a comunidade se uniu contra a violência e, assim, acabamos com a bandidagem que existia aqui. Hoje podemos dizer que estamos no céu”, diz com alívio.

sábado, 1 de dezembro de 2007

O enxadrista



O vira-latas com seus olhos caninos observa o movimento das ruas. Não é um incognita e seu repouso chama a atenção dos transeuntes que passam apressados, em marcha e atraso, para mais uma jornada de trabalho. Pacientemente ele observa e espera o tempo passar sem a pressa humana do dia-a-dia. Logo viram pretensos jogadores para uma partida de xadrez numa descompromissada quinta-feira à tarde. Concentrado e com sua visão fixada no horizonte, imagina e retrara uma futura jogada para a próxima peça que será mexida por um atemporal oponente. É a jogada que decidirá a partida com um xeque-mate. Não sabe ele, que o destino do rei, da rainha e do bispo, estão ao seu alcance, na simples mudança de uma peça de xadrez.

O galo - Parte I


José Alves Camargo de Pompeu, conhecido como Zé Pompeu, era um sujeito muito pobre que vivia de pequenos biscates. Sua vida sempre foi assim e sua mulher reclamava muito de que ele nunca trazia o suficiente para dentro de casa. Devia arrumar um emprego fixo. Apesar das dificuldades, não era preguiçoso e ia muito à igreja pedir a Deus que o ajudasse a arrumar um bom emprego que garantisse o sustento da esposa. Para ele, Matilde era a pessoa mais importante do mundo. Ele a conhecera no salão de beleza que ele freqüentava. Namoraram três anos e há cinco estão casados.
Pompeu achava a vida ingrata por não lhe ter dado condições para sustentar a família. Matutava uma maneira de conseguir dinheiro suficiente para tirá-los do aperto, comprar móveis novos e montar um salão para Matilde, que até hoje trabalha no mesmo lugar.
Os dias passavam e Pompeu nada conseguia, além de serviços que lhe rendiam o suficiente para uma semana. Ainda assim, sonhava em comprar um carro novo ou roupas no shopping para Matilde. Queria dar luxo e conforto à sua companheira e, por não conseguir, achava-se um fracassado. Em seus devaneios, acreditava que poderia melhorar sua condição humana.
Numa noite, sonhou com o capeta. Ele era muito feio e tinha o rosto desfigurado. Estava envolto numa capa preta, cheirava a enxofre e tinha dois chifres que pareciam cornos de zebu. O demo, que um bafo forte, fez a seguinte proposta para o coitado:
- Pompeu, se você quiser ser um cara rico, faça um pacto comigo. Vá de preto à feira de domingo e arrume, para mim, um galo e uma galinha preta que ponha ovos marrons e choque cinco pintos. Depois, pegue a galinha, corte o pescoço e beba seu sangue comigo. Depene a danada e a coloque numa encruzilhada com um maço de velas pretas, uma garrafa de pinga, pipoca, um maço de cigarros e carne de rabanada. Quando fizer isso, abrirei todas as portas e caminhos. Você ganhará muito dinheiro e terá tudo que quiser. Mas não se esqueça, se voltar atrás, algo de ruim o atormentará para sempre. Sua vida será um purgatório e quando morrer, queimarás no fogo do inferno. E aí, aceita o pacto comigo?
Pompeu, ensopado em suor, acordou estupefato às três horas da manhã. Matilde perguntou o que havia acontecido e ele respondeu que teve um pesadelo. No outro dia, numa sexta-feira, ela foi para o salão e Pompeu ligou para um amigo, o Jeca Marica, dono de uma chácara, e lhe perguntou se ele tinha um galo e uma galinha preta. Marica riu e perguntou se Pompeu queria fazer despacho ou macumba. Enrubescido, disse que ia satisfazer a vontade da mulher, que estava com desejos de comer frango com polenta. Esclarecido o mistério, o amigo pediu para Pompeu se dirigir a chácara para escolher as aves. Antes de sair, pensou se isso era certo e imaginou se tudo aquilo não passava de alucinação os devaneios.
- Será que a cobiça e a ganância levam o homem a fazer pactos e ficar frente-a-frente com seus piores inimigos?, pensou.

O galo - Parte II

Titubeou mais uma vez. Mas, na sua mente surgia a imagem de Matilde que se matava cortando cabelo e tirando unha encravada de clientes antipáticas e gordas. Juntou o pouco dinheiro que tinha e foi à chácara. Ao chegar, foi recebido calorosamente por Marica, que o esperava no portão. Marica, ainda desconfiado, perguntou ao amigo por que as penas das aves tinham que ser pretas. Só venderia se soubesse o motivo. Tinha medo que o amigo estivesse envolvido com a magia negra. Ao saber, Pompeu deu uma gargalhada bem alta e, encabulado, explicou que as galinhas caipiras dão melhor caldo para polenta e que as penas tinham que ser daquela cor devido à coloração esverdeada, isso dava um tom diferenciado.
- Vou fazer um cocar. As penas da cauda do galo são maiores e as da galinha são mais fortes e resistentes. Se juntar os dois tipos, o artesanato fica mais realçado, disse ao amigo.
Explicada mais uma vez a situação, os dois se dirigiram ao poleiro. Lá, mais de 50 espécies de galos, galinhas e pintinhos das mais diferenciadas cores, tamanhos e raças. Tinha galinha d água, caipira, angorá, de granja, andaluza, galinzé, pedrês, preta e perdiz. Quanto aos galos, viu de briga, águia e índio. Para que o pacto fosse consumado, Pompeu, com a voz firme, perguntou se as galinhas pretas botavam ovos marrons.
- Qualquer galinha caipira bota ovos marrons.
Ironicamente e com um sorriso nos lábios completou:
- Se a gazela que lhe der botar ovos de ouro, você terá que devolve - lá.
Pompeu escolheu uma galinha caipira bem pretinha e um galo de briga com as penas pretas esverdeadas e a cauda vermelha. Amarrou as aves, uma em cada lado dum cabo de vassoura, perguntou a Marica o preço e disse que seria o convidado de honra para o caldo com polenta. Marica riu e avisou que não precisava pagar pelas aves, mas que a promessa para o jantar deveria ser cumprida. Antes de sair, questionou como e quando a galinha botava ovos.
- É preciso dar milho ou ração. Não se esqueça de fazer um cercadinho para não escaparem.
Pompeu foi embora e em casa, Matilde se assustou com a novidade. Contou que Marica havia lhe convidado para tomar café e que aquele foi um presente devido os muitos anos de amizade. Sem desconfiar das artimanhas malignas que planejava, ela nem ligou.
Ele fez o cercadinho improvisado com caixas de madeira e os soltos lá dentro. Pegou uma espiga de milho, esbugalhou e lançou os grãos para as aves que futuramente seriam sacrificadas. Após isso, Pompeu deitou-se na cama e começou a pensar em tudo que compraria com a grana propiciada pelo capeta. Um carro, roupas novas, uma casa com piscina e o salão para Matilde. Fechou os olhos e sobressaltado, num piscar viu que era noite. Saiu na janela. Estranhamente, a galinha botou e chocou cinco ovos com pintinhos amarelos. Apressadamente os ordenou numa fileira e em sua mesa já lhe aguardava a sacola com carne, cachaça, cigarros, velas e pipocas que foram compradas na tarde anterior. Na cintura, duas peixeiras virgens e afiadas para cortar a cabeça dos animais e duas taças para brindar o sangue com o demo. Nosso protagonista andou até uma encruzilhada, espalhou tudo no chão e à meia-noite acendeu uma vela preta. Em seguida, cortou num só golpe, a cabeça do galo, tendo a galinha e os pintinhos como testemunhas oculares. Com o sinistro pacto consumado, pegou o corpo da ave, já sem vida, e derramou seu sangue na taça. Quando levava a boca o copo transbordante de sangue quente, escutou um cacarejado e, assustado, viu a cabeça do galo picando seu pé.
- Só pode ser obra do diabo. Esse bicho vai me perseguir e minha alma queimará no enxofre do inferno.
Quase desmaiou, mas o galo não parava de picar seu pé. Nesse momento, uma voz lhe pergunta o que acontecia.
- De quem é essa voz? É o demo? Ele vai me levar para o inferno. O que faço agora?
Num sobressalto, Pompeu levanta-se. Não percebeu que tinha cochilado e viu que na verdade, a galinha saiu do cercado, entrou pela janela e picava seu pé, como se quisesse chamar sua atenção. Enquanto isso, o galo cacarejava para o amanhecer e sua mulher lhe chamava para ver os dois ovos que a galinha botou no chão do quarto.
Aquele seria o primeiro desjejum propiciado pelas aves.