quinta-feira, 29 de novembro de 2007

As Rádios Livres no BR



As rádios livres, no BR, começaram a aparecer nos anos 70, numa época em que os meios de comunicação de massa estavam, de forma predominante, nas mãos de pessoas ou grupos privilegiados com a concessão de canais, por decisão unilateral do poder executivo federal.
A primeira experiência foi a Rádio Paranóica, de Vitória (ES), craida em 1970 e fechada em fevereiro de 1971. Seus idealizadores foram dois irmãos, na época com 16 e 15 anos, cujo interesse era tão-somente fazer rádio, o que não impediu que o mais novo fosse preso, acusado de subversão, algo que nem conhecia, assim como não tinha nenhuma ligação com grupos de esquerda. A emissora tinha o mote "Paranóica, a única que não entra em cadeia com a Agência Nacional". Apesar de ter sofrido intervenção, voltou a funcionar em 1983 e ainda continua no ar. Na segunda metada da década de 90, adotou o nome Rádio Sempre Livre.
Quando houve a "abertura lenta, gradual e segura" do regime militar, mais ao fim da década de 70 e início dos anos 80, as rádios livres passariam a desenvolver-se com maior intensidade, disseminando-se em muitas cidades brasileiras.
Num primeiro momento, as rádios livres eram constituídas por jovens interessados, antes de tudo, em praticar a arte da radiofonia, pouco ou nada envolvidos com "grandes causas". Em muitos casos, tratava-se de "uma curtição de roqueiros" que se diziam apolíticos. Após isso, instalaram-se emissoras mais sensíveis à questão da centralização dos meios de comunicação, bem como a problemática sócio-econômico do país, embora continuassem preponderando o senso de ironia e a preocupação em ousar. Dizia um pequeno manifesto da Cooperativa dos Rádio-Amantes: "Nós iniciamos um movimento de reforma agrária no ar. O rádio é uma conquista técnica da humanidade e não pode ficar nas mãos de proprietários-concessionários".
Na sociedade civil, apesar da demanda por mudanças nos mais variads setores, os movimentos pela democratização da comunicação não tem conseguido muita adesão. Existem cômites nos vários estados e o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação é bastante forte, embora muito limitado ao mundo dos jornalistas.
As rádios livres, mesmo que algumas possam ter sido decorrência de aventuras sem maiores pretensões políticas, são, no conjunto, um protesto contra a forma de acesso aos instrumentos massivos e uma tentativa de conquistar a liberdade de expressão a qualquer preço. Elas contribuíram para o debate sobre a estrutura dos meios de comunicação no BR, que também teria lugar na Assembléia Constituinte, mas nunca veio a empolgar setores representativos da sociedade nem conseguiu grandes avanços no texto da nova Lei Magna promulgada em 1988.

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