domingo, 25 de novembro de 2007

As rádios dos Trabalhadores Mineiros Bolivianos

As rádios mineiras bolivianas são experiências históricas no Continente latino-americano, no que se refere ao uso autônomo da tecnologia eletrônica de comunicação por segmentos da classe trabalhadora. As emissoras falavam sobre os problemas locais e eram orgânicamente vinculadas aos movimentos sindicais dos trabalhadores nas minas de estanho. Eram ligadas diretamente ao contexto da vida dos "mineros bolivianos", seja nos momentos de paz ou de conflitos. As rádios, que na década de 50 chegaram ao número de 28 e tinham mais de 32.000 ouvintes, surgiram em função da necessidade de comunicação entre os mineiradores entre sí e com o povo boliviano. A emergência da instalação, dos canais de comunicação, não se deu ao acaso. Tudo foi fruto de um processo de conscientização e prática política vivida pelos trabalhadores bolivianos. Nascidas nessa conjuntura, também cresceram num ambiente conflitivo, marcado pelas lutas de demanda e de enfrentamento por que passaram durante os regimes militares instalados em seu país.
Os mineiros sabiam que dispor de rádios poderia ser de enorme utilidade para difundir suas mensagens, idéias e reivindicações. Eles assumiram como tarefa possuir seus próprios equipamentos e, uma vez conquistado este objetivo, o defenderam com suas vidas. A história das intervenções militares nos acampamentos e a destruição de suas emissoras foi uma constante, assim como o heroísmo com que resistiram aos ataques contra elas e, apesar de tudo, as colocavam de volta em funcionamento.

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